segunda-feira, 17 de março de 2014

Refletindo através de um post

Após muito tempo parada, estou de volta. Estive pensando nestes últimos dias se eu tinha alguma história interessante pra contar ou se eu tinha passado por alguma coisa diferente em minha vida. É muito mais fácil escrever sobre situações empolgantes e divertidas e não tenho passado por nada fora do comum. Creio que encontrei uma resposta. Muitas vezes ignoramos as coisas comuns do dia-a-dia, achando que não possuem nenhum valor e na verdade são os pequenos acontecimentos diários que nos mantém vivos e nos ensinam diversas lições. Pensando nisto, resolvi escrever situações pelas quais passei que podem não parecer interessantes e nem serem dignas de um livro, mas que me fizeram crescer em algum aspecto.
No ano passado, conforme disse em uma das postagens deste blog, eu bati minha moto em um carro que me fechou. Meses depois, recebi uma intimação para comparecer perante o delegado para depor. Poucas pessoas sabem disto, mas na época eu estava com alguns problemas com ansiedade. Mesmo tomando calmante, parecia que minha mente estava mais agitada que o normal e eu me preocupava muito com as coisas, às vezes até com o problema de outras pessoas.
Na manhã do dia da audiência, acordei cedo e não consegui voltar a dormir, tamanho era o nervosismo. Eu tremia e sentia meus braços e pernas adormecidos. Eu sabia que não tinha nada a temer, até porque quem estava certa era eu, mas aquelas sensações eram incontroláveis.
Me aprontei para ir e fiquei esperando com minha irmã na calçada. Meu namorado começou a demorar e liguei para descobrir o que tinha acontecido. Ele disse que o carro dele ficou com problema e ele estava esperando seu avô, que emprestaria o carro a ele. Ligamos na delegacia avisando que eu iria atrasar e fiquei ainda mais nervosa.
Meu namorado chegou e fomos até a delegacia. Eu não me atentei ao endereço marcado na intimação e acabamos indo a uma delegacia errada. Ficamos esperando na fila para sermos atendidos e, na sala de espera onde estávamos, estava uma senhora extremamente magra e cheia de ematomas e cortes. Eu estava passando mal, me apoiando em minha irmã, enquanto meu namorado estacionava o carro.
Esta senhora começou a reclamar de sua vida, dizer que ela tinha sido expulsa de onde morava, tinha homens que a espancavam e ela já não sabia mais o que fazer. Fiquei pensativa enquanto ela falava. Eu estava com os nervos abalados, passando mal, com tontura, braços e pernas dormentes, mas eu tinha o carinho da minha família, tinha o apoio dos meus amigos, tinha um emprego fixo, um lugar pra morar, podia dizer que era feliz, estava apenas doente. Vendo ela tão maltratada pela vida, me comovi, falei que Deus poderia mudar a situação dela.
Ela começou a chorar na mesma hora, dizer que já disseram isto pra ela uma vez, ela chegou a procurar uma igreja, mas não ficou por lá. Depois de falar um pouco mais de sua história, ela me agradeceu. Me senti tão bem, que pareceu que o mal estar que eu estava sentindo começou a passar.
Eu não conto hoje esta história por mérito meu, até porque tantas pessoas poderiam escrever um livro inteiro de tantas esperiências como esta que já viveram, eu sou apenas uma aprendiz. O propósito principal desta história é refletir em como tantas vezes reclamamos de coisas mínimas e não entendemos o quanto somos abençoados, o quanto possuímos e o quanto deixamos de fazer pela vaidade de acharmos que somos merecedores de tudo o que temos.