quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Confusões na escola

Uma vez, após brigar com uma menina da classe, outra menina disse para mim e para nossa professora que eu nunca me metia em confusão, porque eu sempre ficava quieta no meu canto. Isso era verdade na maioria das vezes, mas eu tive meus momentos de confusão na escola.
Teve uma vez que eu comecei a perseguir uma aluna japonesa da escola para tentar ser amiga dela, porque eu achava que todos os japoneses eram parentes da minha prima mestiça (eu não estava totalmente errada de certa forma, mas aquilo foi exagero). Eu conto melhor a história neste post.
Outra vez, conforme conto neste outro post, eu me envolvi em diversas confusões logo que entrei na escola. Eu era uma criança hiperativa, que morria de vontade de aprender tudo a todo momento e às vezes acabava extravasando toda esta energia da forma errada, batendo nos coleguinhas ou rabiscando o livro deles com lápis de cor... (quem nunca, né?) tudo isto com apenas 5 anos de idade.
Aos 7 anos, houve uma vez em que eu menti pra me livrar de uma situação (não que eu tenha me orgulhado disso). Eu estava terminando a prova e a professora saiu da sala. Dois meninos da classe me pediram as respostas das questões e eu não queria entregar. Após insistirem muito, eu escrevi em uma folha e um deles colocou na manga da blusa. Quando a professora voltou, entreguei a prova e fui liberada para o intervalo. Não demorou muito, eles saíram e me disseram que nós três estávamos encrencados, porque a professora tinha descoberto a cola e reconheceu minha letra. Os outros alunos começaram a me cercar perguntando se era verdade (afinal de contas, colar na segunda série naquela época era crime inafiançável) e eu disse que sim, mas que eles tinham me ameaçado. Os alunos discutiram com eles e acabou não dando em nada. Depois eu fui me desculpar com eles.
Um pouco mais tarde, aos 9 anos de idade, me envolvi em uma confusão que eu comento aqui. Em plena época em que o bullying ainda era uma palavra desconhecida resolvi brincar com o peso de uma colega de classe e ela me beliscou. Fomos as duas para a diretoria e quase levamos uma advertência.
No mesmo ano (isto eu não comentei em nenhum post anterior), um dos alunos da minha classe que mais visitava a diretoria estava voltando do recreio e quase todas as meninas da classe o cercaram e começaram a segurá-lo pelos braços, pés e roupas. Eu, estabanada e desorientada que sou, entro no meio da confusão e acabo acertando a cara dele com as mãos. Imediatamente, num impulso, ele chuta a minha perna e a professora vê. Como ele era menino e eu menina, pela desigualdade das forças, eu ainda acabei ganhando a causa...
Aos 12 anos, na sétima série, uma colega de classe ficou alguns dias sem falar comigo por causa de uma prova de ciências. Naquele dia eu me recusei a passar cola e, mesmo a prova sendo em dupla, não deixei que minha amiga (que estava "fazendo a prova comigo") visse as respostas, só para que ela não passasse as respostas para ninguém.
Aos 14, fiz uma caricatura de nossa professora de química. Como ela era muito rigorosa e antipática com os alunos, nenhum deles gostava dela. Mostrei o desenho para os colegas da classe na hora da aula de matemática. Uma das minhas amigas pegou o desenho e levou para a professora que estava na sala para que ela visse. Ao ver o desenho, a professora de matemática começou a rir e saiu da sala com o desenho na mão. Todo mundo me olhou, com pena de mim. Ela voltou com a coordenadora da escola (que tinha fama de brava entre os corredores) e ela estava com meu desenho nas mãos. Ao chegar na porta, a coordenadora perguntou quem tinha feito o desenho e eu admiti que tinha sido eu. Ela começou a rir e disse que estava muito bom, mas que eu deveria sumir com ele antes que parasse em mãos erradas. Foi um alívio ver a forma como ela reagiu...
No mesmo ano, eu estava fazendo uma prova de literatura quando, de repente, uma borracha enorme voa na minha carteira. Quando olhei a borracha estava a pergunta de uma questão. Coloquei a resposta, entreguei na mão da minha amiga que tinha jogado e disse "obrigada" em voz alta, para dar a intenção de que eu a tinha emprestado. A estratégia teria funcionado se ela não tivesse arremessado a borracha novamente na minha mesa e a professora começa a desconfiar. Ela vai até minha carteira, pega a borracha e me dá o maior sermão, de que eu não deveria fazer isto, porque ela também teria que estudar para ser alguém na vida e todo este discurso que, depois que a gente cresce a gente vê que não era para tanto. Afinal de contas, o que garante o futuro de alguém não é as notas que ele tirava na escola, mas sim sua capacidade de raciocínio, sua forma de lidar com o emocional, força de vontade e boas oportunidades. É claro que viver de colas na prova é uma questão de honestidade e realmente devemos receber alguma "bronca" pra moldar nosso caráter, mas sei de muita gente que colava na época da escola que hoje está em bons cargos em grandes empresas, melhores que eu financeiramente. Não os invejo e nem tenho raiva disso, porque eu mesma decidi o que queria pra mim.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Brincando na rua

Quando vejo que hoje em dia são poucas as crianças que não vivem enclausuradas dentro de casa durante a maior parte do tempo em que não estão na escola, usando aparelhos eletrônicos, como computadores, vídeo games e televisores, penso em como eu poderia ter aproveitado melhor a minha infância.
Não era sempre que meus pais me deixavam brincar na rua, mas isto não me impedia de brincar com as outras crianças. Meus vizinhos, que tinham minha faixa etária iam até o portão da minha casa. Lá nós compartilhávamos brinquedos e conversávamos durante horas. Eles muitas vezes do lado de fora do portão e eu do lado de dentro.
Quando existia a possibilidade dos meus pais ficarem na calçada nos observando, aí era a maior festa. Brincávamos de brincadeiras que talvez muitas crianças hoje desconheçam.
- Elefantinho colorido: onde alguém ficava de costas, escolhendo cores e os demais tinham que encontrar objetos com a cor escolhida.
- Mamãe disco: alguém escolhia que música deveríamos cantar e, cada um que acertava tinha direito a um passo a mais, até chegar do outro lado da rua.
- Esconde-esconde: nas ruas, o que não faltava era opção de lugar criativo para nos escondermos.
- Futebol: mesmo na época a minha rua sendo uma descida, era comum fazermos traves com chinelos e jogamos uma partida quase que sem regras.
- Taco: um tipo de adaptação do beisebol, onde os jogadores tinham que rebater bolinhas na tentativa de mandá-las para longe, aumentando os pontos cada vez que conseguíamos cruzar os tacos, enquanto o adversário buscava por elas.
- Pião: Eu sabia rodar vários tipos de pião, conseguia jogá-los para cima e pegá-los na mão enquanto estavam rodando. Era uma sensação boa e ao mesmo tempo fazia cócegas nas palmas das mãos.
Mesmo depois dos meus 18 anos, quando me mudei de casa, ainda cheguei a brincar na rua com meus vizinhos e amigos. Tenho boas recordações desta época.
Me lembro que, quando pequena, aprendi a fazer pipas com meus vizinhos. Pipa convencional, papagaio, capucheta... eu nunca tive esta neurose de achar que isto era brincadeira apenas para meninos. Quando fazíamos as pipas, meus pais levavam minha irmã e eu para soltarmos nas pracinhas, no horto da cidade ou quando tínhamos a oportunidade de visitar alguma chácara. A tristeza começou quando descobrimos que algumas pessoas tinham como diversão cortar a linha das outras pipas. Isto me decepcionou e desanimou muito, pois eu levava tempo pra montar uma pipa personalizada, com olhinhos, franjas e tudo, pra depois alguém roubar ou destruir apenas por hobbie.
Teve sim a época da minha vida em que eu brinquei de vídeo game, mas não foi uma substituição das brincadeiras que eu já brincava e sim uma opção de diversão para os dias de chuva ou que não tínhamos a possibilidade de sair.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Em pleno trânsito

Minha mãe tinha pavor de moto, antes mesmo que eu tivesse uma. Ela via muitas reportagens sobre motoqueiros que perderam suas vidas ou que ficaram em estado muito grave de saúde.
Hoje amanheceu chovendo, o tempo fechado, aquela preguiça a mais para acordar e lá vou eu para mais um dia de trabalho. Ao sair, coloquei a capa de chuva para sair de moto, porque estava caindo uma chuva fina.
No meio do caminho a chuva começou a engrossar e eu pedi a Deus: "Senhor, me guarde dos maus motoristas".
Estava tudo bem, apesar da visibilidade, até que eu sinto que a moto começou a sambar e diminuo a velocidade. Percebo que furei o pneu de trás da moto. Em uma via de 70km/h, foi coisa de Deus eu ter percebido antes que ela deslizasse. Diminui bastante a velocidade e segui o restante do caminho sem maiores problemas.
Esta não foi a primeira vez que eu fui salva de um possível acidente e a única vez que me acidentei de moto, um carro cortou a minha preferencial e eu não consegui desviar dele. Minha moto ficou com a frente destroçada, tive que trocar várias peças de direção, mas comigo o máximo que aconteceu foi uma manchinha roxa na cintura que sumiu em alguns dias.
Uma vez eu parei a moto antes de entrar em uma rotatória e, ao ver que nenhum carro estava vindo, acelerei para sair. Foi quando, do nada, veio uma moto correndo na minha direção. Freei imediatamente, as rodas traseiras da minha moto até deslizaram, fizeram barulho e até subiu um cheiro de queimado, mas foi possível evitar o choque.
Outra vez, meu noivo e eu estávamos em seu carro, parados no semáforo e, quando o sinal abriu, ele olhou para o retrovisor para conseguir ver os carros que vinham e sinalizar e o carro que estava na nossa frente freia de repente. Eu só tive tempo de gritar: para! E não nos chocamos com aquele carro.
Se tem uma coisa que faz qualquer um correr riscos de acidentes no trânsito é o mau uso de sinalização pelos motoristas e motociclistas. Não são todos que sabem usar uma seta, por exemplo. Uns dão seta e já saem virando, como se nós fôssemos videntes (tem vezes que a gente até consegue prever a burrice a partir do momento que a gente para de superestimar os motoristas). Outros não dão seta, entram e ainda te xingam se você estava no meio do caminho dele.
Agora, quando se tratam de sinalização de faixas, acho que uma minoria pouco significativa sabe usar. Às vezes o cara está na última faixa da esquerda e quer entrar para a direita, mesmo que tenha que fazer os carros das outras duas faixas pararem pra esperar ele passar, além de outras inúmeras situações.
Não estamos isentos de acidentes. Deus nos guarda, mas uma direção consciente ajuda muito a fugir destas situações.
Hoje, com um pouco mais de três anos de habilitação, minha mãe já me disse que até confiaria andar de moto comigo.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Restrospectiva de 26 anos...

Ontem foi meu aniversário. Completei 26 anos de idade, com a graça de Deus. Várias pessoas dizem que eu não pareço ter esta idade, muitos ainda acreditam que eu não tenha saído dos 20, mas estive pensando ontem e já estou mais perto dos 30 anos do que dos 20...
Datas de aniversários são estranhas. Ao mesmo tempo que te trazem alegria, porque seus amigos, parentes, conhecidos e até desconhecidos te cumprimentam, te desejam coisas boas e nos sentimos bem, elas nos fazem pensar muito (às vezes até em coisas com importância nenhuma), nos fazem relembrar o passado, pensar no futuro e a vida parece passar como um filme diante de nossos olhos.
Pensando nisto, resolvi trazer à memória os meus aniversários:
01 ano - Eu não tinha tido festa de aniversário. Meu pai ficou doente e teve que fazer uma cirurgia às pressas. Acabei comemorando a data 2 meses depois, no aniversário de 1 ano de minha prima.
02 anos - Em melhores condições, meus pais chamaram várias pessoas da igreja e meus parentes para uma festa em minha casa. Tenho esta festa ainda hoje registrada em fotos e fita de vídeo (VHS).
03 anos - Houve uma festa no mesmo estilo da festa anterior, na minha casa, mas com uma situação marcante: eu tinha medo de escuro e a festa acabou para mim no momento em que apagaram as luzes para cantar os parabéns. Comecei a chorar pedindo para acender as luzes e, quando acenderam, minha avó materna ficou do meu lado me consolando...
05 anos - Meus pais resolveram fazer uma festa conjunta com minha irmã que tinha acabado de completar 1 ano de idade. Como o aniversário dela é em outubro, decidiram comemorar no mês de dezembro. Alugaram um salão de festas, chamaram várias crianças e adultos e tinha até alguém fantasiado de Mickey para animar a festa (dois primos meus se revezaram na fantasia). Nós crianças, hiperativas, demos tanto trabalho para o Mickey que ele perdeu os olhos antes mesmo que a festa chegasse ao fim. Quando saímos do salão, fui até a casa de uma tia, crente de que eu já tinha 5 anos de idade. Me diziam que meu aniversário ainda estava chegando, mas, se eu já tinha tido a festa, para mim eu já tinha a idade.
11 anos - Quando faltava pouco para o meu aniversário, viajei com minha prima e meu pai para a casa dos meus tios em Mogi das Cruzes. Logo depois outros primos viajaram para lá. Na noite do dia 3 de janeiro fizeram uma festinha surpresa. Meu primo ficou com o primeiro pedaço de bolo.
15 anos - Quando eu estava para completar 15 anos, meus pais me fizeram a seguinte pergunta: "Filha, no seu aniversário você quer ganhar uma festa ou um computador?". Festa de 15 anos normalmente é o sonho de várias meninas, que sonham com um dia de princesa e eu não pensei duas vezes para escolher o computador.
16 anos - Era véspera de ano novo e minha família foi passar a virada do ano na casa da minha tia. Quando deu meia-noite fomos para o segundo andar para assistir à chuva de fogos e, quando eu desci, tinha um bolo me esperando na cozinha e meus parentes começaram a cantar os parabéns.
23 anos - Foi o primeiro aniversário que eu passei namorando, mas como faziam apenas duas semanas que estávamos namorando, nossas agendas já estavam pré-programadas. Ele foi para a praia com a família dele e eu fiquei trabalhando na semana do ano novo. Porém, como um namorado romântico que é, ele já tinha planejado tudo. No dia do meu aniversário entregaram lindas flores brancas no meu local de trabalho, com um cartão escrito por ele.
24 anos - Fomos comemorar o ano novo na casa de minha avó na cidade de Charqueada. Depois do almoço, apareceram com um bolo e começaram a me cantar os parabéns. Na data do meu aniversário, muito de última hora, eu decidi chamar alguns amigos mais próximos para comer um bolo em minha casa.
25 anos - Meu noivo criou um grupo de whatsapp e adicionou minha irmã e minha amiga para bolarem uma festa surpresa para mim. Eu faria aniversário no sábado, mas decidiram fazer a festinha no domingo. Quando chegou o sábado, eu inventei de comprar umas esfihas abertas para comemorar em casa. Todo mundo aguentou a comemoração toda sem me revelar a surpresa do dia seguinte. Quando cheguei da igreja no domingo, reconheci o carro da minha amiga, que estava estacionado na frente da minha casa e comecei a desconfiar. Só não imaginava tudo o que tinha acontecido ou que o que tinha sido conversado para que a surpresa fosse realizada.
Os demais anos não tiveram encontros e desencontros, nem alguma situação diferente que eu pudesse citar, mas meus aniversários nunca passaram em branco. Meus pais sempre me surpreendiam de alguma forma, seja fazendo um bolo (mesmo caseiro) para comemorar em casa ou me acordando de uma forma diferente na manhã do "grande dia".