quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O maior frango

Eu nunca tive vocação para ser goleira! Isso não é bem um desabafo, mas é que o título me fez lembrar de futebol. Há muitas coisas boas que eu sou capaz de fazer com as mãos, mas nenhuma delas se refere aos esportes. Eu só aceitava ficar no gol quando era jogo de Handebol. É pedir demais pra mim arremessar alguma coisa à distância, não consigo nem nos jogos de Kinect.
Mas, por incrível que pareça, não é sobre esportes que eu gostaria de falar, mas sobre uma bonita história de provisão que minha mãe me trouxe à memória neste último fim de semana.
Estávamos em uma época difícil, meu pai estava doente e o salário da minha mãe conseguia pagar apenas as contas e colocar um pouco de comida em casa. Não podíamos nos dar ao luxo de gastar o dinheiro contado com qualquer extravagância (nem que fosse comprar um sorvete).
Aos domingos, a igreja que frequentávamos vendia frango assado para arrecadar fundos e, em plena manhã, aquele cheiro entrava pelas narinas e caía direto no estômago.
Minha irmã, que era bem pequena na época, pediu pra minha mãe que nos comprasse um frango assado, mas, mesmo com aperto no coração, minha mãe teve que negar. Se minha mãe gastasse aquela quantia (por menor que fosse), faltaria dinheiro para pagar alguma outra coisa e era melhor prevenir do que ficar sem água ou energia elétrica (isso porque nem tínhamos computador ou acesso à internet).
Ainda triste por não ter como comprar o frango que minha irmã pediu, minha mãe entrou na igreja e foi abordada por uma irmã que não sabia da dificuldade que estávamos passando e muito menos do pedido da minha irmã e disse: Comprei um frango assado para você. Ia comprar apenas o meu, mas Deus me mandou comprar um pra você também.
É triste pensar que muitas pessoas se contentariam em achar que isto foi obra do acaso ou uma simples coincidência, mas não foi uma nem duas vezes que pude ver a mão de Deus em nossas vidas. Não é um tipo de escudo para me esconder da realidade, mas uma sensação grandiosa de saber que alguém que pode todas as coisas se importa com um simples desejo de uma criança.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Trocando os dentes

Se existe um pavor que eu sempre tive foi o de arrancar dentes em casa. Sério! Não vejo problemas em ir ao dentista e extrair dentes com um profissional da área, mas era só algum dente-de-leite começar a amolecer para eu ficar apavorada e a correria era evidente em casa, ao ponto da minha tia (que morava vizinha de casa) saber quando eu estava com um dente mole.
Os meus dois primeiros dentes que amoleceram foram os dois dentes incisivos do meio da arcada inferior (eles devem ter um nome ainda mais específico, mas sou completamente leiga no assunto) aos seis anos de idade. Meus pais começaram a se preocupar com isto quando perceberam que já tinham quase dois dentes inteiros nascendo embaixo dos dois dentes e eu não tinha coragem de arrancá-los.
Eu não queria que meus pais arrancassem, então eles me levaram ao dentista que fez o trabalho rapidamente. Com quase todos os meus dentes foi o mesmo problema, até que meus pais cansaram e passaram a me segurar e arrancar sem que eu pudesse fazer nada. Daí em diante, quando eu estava com algum dente mole, eu me trancava no banheiro e não saía até que meus pais fossem dormir.
Com a minha irmã era bem parecido, ela também se trancava no banheiro quando algum dente começava a amolecer, mas só saía de lá com o dente nas mãos (era monstruoso!).
Tive um vizinho, um pouco mais novo que eu, que não queria que sua mãe arrancasse seu dente-de-leite e só deixaria que alguém arrancasse se fosse um dentista (prometo que não foi influência minha). Sua mãe, como solução, disse que minha tia, que morava do lado da minha casa, era dentista. Mesmo sem a aparelhagem de dentista, ele acreditou e deixou minha tia puxar o dente.
Uma situação engraçada que me aconteceu foi com o meu dente canino esquerdo da arcada superior. Em uma noite, eu estava dormindo e senti algo dentro da boca. Corri para o banheiro e o dente tinha caído. Sem dor, sem sangue e sem preocupação. Foi a melhor forma de arrancar um dente que eu já vi, pena que só aconteceu uma vez.
Tenho um dente que eu demorei tanto para arrancar que o outro nasceu completamente torto no lugar e, pra piorar (e dar um nó no cérebro dos dentistas), ele nasceu sem raíz, mas está sobrevivendo. O ruim é que, por não ter raíz, os dentistas acharam melhor não colocar aparelho para consertar.
Depois de tudo já arranquei os quatro "dentes do juízo" e sobrevivi e creio que não vou necessitar arrancar mais nenhum (pelo menos assim espero).

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Estudando com as amigas

Durante nossos tempos de escola a desculpa mais legal para receber seus amigos em casa com a permissão absoluta de seus pais é estudar ou fazer trabalho. Atualmente nao estou estudando e minha mãe me perguntou se eu não tinha mais amigos. Eu disse que sim e perguntei o porquê da pergunta. Ela disse que é porque eu não tenho levado o pessoal pra minha casa.
Certa vez, uma amiga (que minha mãe já conhecia) combinou de ir à minha casa para "estudarmos" para o simulado bimestral da escola. Muito pontual, ela chegou cedo e logo abrimos nossos cadernos. Uma hora depois começaria o nosso programa favorito e não podíamos perder. Após assistir TV, decidimos comer alguma coisa. Fomos até a padaria e compramos pão-de-queijo. Quando voltamos, pegamos minha antiga coleção de latinhas de alumínio e brincamos de jogo de argolas, onde cada lata tinha um valor.
Numa outra oportunidade, minhas amigas combinaram de ir à minha casa para que eu pudesse ensinar sobre "Matrizes e Determinante". Fiz uma apresentação no PowerPoint, enquanto elas faziam um orçamento do que deveríamos comprar (sempre que nos encontrávamos na casa de alguém, fazíamos uma espécie de cachorro quente. Alguém ia com a dona da casa até o mercado e comprava os refrigerantes enquanto as outras se aventuravam comprando todos os outros ingredientes e depois nos encontrávamos em algum lugar próximo à casa).
Fomos pra escola no período da manhã e depois fomos às compras. Ao chegarmos em casa, fizemos os lanches, comemos, arrumamos a cozinha para então estudarmos. Quando entramos no meu quarto para estudar, elas viram o meu violão e foi irresistível não tocar nada. Como nossos gostos musicais eram bem diferentes, decidi puxar uma música da Marjorie Estiano que tocava na Malhação (sim, ainda dava pra assistir Malhação naquela época). Depois sentamos na frente do meu computador e eu mostrei as caricaturas que tinha feito da gente como Super Heroínas (não vou entrar em detalhes para evitar constrangimentos, mas fazíamos histórias em quadrinhos de super heroínas na sala de aula e as personagens eram baseadas em nós mesmas). Horas depois, vimos um pouco de Matrizes e Determinante só pra não dizer que não tinhamos estudado e depois fomos brincar de Detetive, Vítima e Assassino.
Além destas duas vezes, tiveram muitas outras, com outras amigas, de diferentes formas. Bons tempos...

terça-feira, 2 de outubro de 2012

O tempo certo

É interessante como estamos sempre esperando que o melhor nos aconteça a todo momento, como se pudéssemos controlar o nosso futuro. Uma psicóloga disse um dia para minha mãe que, em tudo o que fizermos, temos que trabalhar com duas hipóteses: A vitória e o fracasso.
Não alcançar o objetivo desejado não é o fim do mundo. Pelo contrário, nos faz refletir que nem sempre tudo vai ser como queremos. Podemos até planejar nosso futuro e lutar para isto, mas não temos total controle do que vai acontecer. E são nas situações mais difíceis que mais aprendemos.
No começo de outubro de 2011, comecei os processos para tirar a Carteira Nacional de Habilitação AB.
A princípio tudo parecia fácil demais. Exame médico, um psicotécnico quase impecável (37 acertos entre 40 questões e 99,9% de acertos na "busca às setinhas"). As aulas de C.F.C. passaram rápido e eu tenho quase certeza que gabaritei aquele exame escrito. Tudo muito fácil.
Comecei a fazer as aulas práticas e fui bem (se desconsiderarmos que no início eu pisava no acelerador com gosto e levava uns puxões de orelha). Mas, na última aula diurna, eu bati na balisa. Não sei se foi aí que o problema começou, mas neste dia voltei para o trabalho meio desanimada. Minha instrutora me disse que eu teria as aulas noturnas com outro instrutor e eu também fiquei meio insegura.
Na primeira aula noturna, o instrutor me deu várias dicas e fez várias brincadeiras, me deixando mais à vontade. Ele me perguntou se eu já tinha sentido o carro. Eu não entendi bem e então ele me perguntou se eu já tinha passado da terceira marcha, se eu já tinha andado numa pista. Eu disse que não.
Fomos para o Anel Viário da cidade e cheguei até 70Km/h. Enquanto uma instrutora me fazia frear o outro me mandava andar mais rápido. Estava tudo muito tranquilo até que a aula acabou e ele disse que no dia seguinte seria apenas com balisas.
Fiquei ansiosa e preocupada. No caminho até a Auto Escola, liguei para minha mãe e ela me disse que eu não tinha porque ficar daquele jeito. Tudo daria certo e ela estaria orando por mim.
Tudo deu certo na aula. Fiz uma balisa atrás da outra e não cometi nenhuma falta e isto me deu uma certa segurança.
Tive que esperar duas semanas até a data do meu exame. Fui reprovada bem na balisa. Fiz algumas aulas extras, mas mesmo assim reprovei outras duas vezes na balisa.
Decidi dar um tempo para os exames de carro para me focar na carta de moto. Fiz todas as aulas práticas durante minhas férias de 2012 e passei de primeira no exame. Com a carta de moto garantida no começo de junho de 2012, fui para a Auto Escola para marcar novas aulas de carro e o exame. Me disseram que não tinha como marcar, pois estavam sem examinadores para avaliar os alunos e o sistema estava mudando (estavam abrindo uma sede do Detran na minha cidade, para o meu desespero).
O tempo foi passando e apenas no começo de setembro eu consegui marcar um exame e, como tudo foi muito corrido, me marcaram apenas uma aula exatamente uma hora antes do exame. Eu não me lembrava de mais nada. Estava sem dirigir carro há 3 meses. Deixei o carro morrer diversas vezes e foi isto o que me fez ter minha quarta reprova.
Marquei mais quatro aulas e fui bem em todas elas. Já não deixava o carro ficar morrendo, estava fazendo a balisa perfeitamente, estacionando bem, não tinha erro.
Chegada a hora do exame, eu não consegui tirar o carro do lugar. Sem me lembrar o que eu fiz de errado, deixei o carro morrer duas vezes antes de começar a andar e reprovei alí mesmo.
Eu poderia ter ficado revoltada por ter sido prejudicada estes 3 meses que não estavam acontecendo exames e poderia esperar que eles tivessem contado como uma pausa e assim eu teria mais três meses para tentar. Mas preferi garantir minha carta de moto e deixar a de carro para o próximo ano.
Gostaria muito de estar contando a mesma história com um final diferente. Imagine que legal seria contar a mesma história dizendo que na semana em que venceria o meu processo de um ano, eu conseguiria passar? Mas prefiro admitir que sou humana e que o meu destino não cabe a mim e sim a Deus. Mas será que Deus não gostaria que eu tivesse sucesso em tudo o que eu fizesse? Sim. Mas no tempo certo.