sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Minha própria cidade

A melhor coisa em ser criança é a falta de preocupações com compromissos, falta de contas para pagar e ter tempo de sobra pra fazer qualquer coisa.
O que eu mais gostava de fazer quando era pequena, era brincar de faz de conta com situações verdadeiras. Por exemplo, se eu ia na igreja, ao chegar em casa eu fazia todos os meus bonecos e ursinhos de pelúcia iam na igreja também. Se assistia ao desfile cívico de Independência, todos os bonecos tinham que desfilar, entre tantas outras situações. Me divertia muito com isso!
Mas a melhor de todas as brincadeiras da minha infância era brincar de cidadezinha. Eu riscava o quintal inteiro com giz, fazendo casas e quarteirões, separava todos os meus bonecos e ursinhos em famílias, colocava móveis de casinha e peças de lego para decorar as casas, fazia estabelecimentos para poder empregar os pais de família e os filhos eram separados em séries e iam para a escola em turnos. Eu, por minha vez, era a motorista de ônibus. Tinha uma pequena bicicleta com um cesto na frente, onde eu colocava os passageiros para levá-los para seus locais de trabalho, escola, casa, durante todo o dia. Era o tipo de brincadeira que eu poderia brincar durante dias sem me cansar.
E eu cheguei a esta conclusão cedo o bastante para que a brincadeira se tornasse em algo "eterno enquanto possível". Desenhei o mapa da cidade em um caderno, onde escrevi quem fazia parte de cada família, onde moravam, o que possuíam, onde trabalhavam, em qual série estavam as crianças, para que todos os dias eu pudesse montar tudo como estava no dia seguinte, quando minha mãe dizia que já era tarde para ficar brincando no quintal ou quando meu pai chegava com o carro e eu tinha que tirar a cidade da garagem.
Certa vez, resolvi brincar de cidade dentro de casa. Espalhei as famílias no meu quarto e não era possível apenas andar de bicicleta lá dentro. Justo neste dia minha irmã levou duas colegas de classe para minha casa. Por sorte, consegui que elas não tivessem contato com o fogo para incendiar a casa, pois foi apenas o que faltou. No fim do dia, estava lavando a louça antes que minha mãe chegasse e as amigas estranhas da minha irmã entraram no quarto e começaram a arremessar toda a cidadezinha pela janela (se eu pudesse, teria amarrado aquelas duas até que alguém tomasse alguma providência). Minha irmã não tinha controle da situação e na hora que minha mãe chegou tinha bonecos jogados até na cozinha.
Minha irmã ficou um tempo sem levar amigas para casa depois disso...

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