quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Meu pai, um milagre vivo

Meu pai nasceu numa família pobre, quase nômade que tinha vários filhos. Meus avós percorreram o Brasil trazendo mais vida para o país. Tenho tios da Bahia, de Minas, de São Paulo, do Paraná...
Desde pequeno viu seus pais trabalhando na roça e começou a trabalhar muito cedo e seu maior sonho era ser motorista. Ele via os ônibus, tratores e caminhões e seus olhos brilhavam.
Ainda pequeno, ele desenvolveu uma doença (que não faço idéia do nome) que entupiu as veias de suas pernas e o sangue não circulava normalmente. Suas pernas começaram a ficar em carne viva. Com vergonha das outras crianças, ele ia para a escola usando meias 3/4, que davam muito trabalho na hora de tirar, por causa das feridas que não cicatrizavam.
Decidiram interná-lo, mas não existiam muitos recursos na medicina há quase 40 anos atrás e os médicos disseram à minha avó que meu pai tería que amputar suas duas pernas.
Minha avó não aceitou e pediu que os médicos esperassem mais um tempo. Naquela semana, uma igreja estava fazendo um culto ao ar livre onde oraram por minha avó enquanto meu pai estava no hospital. Algum tempo depois, as feridas das pernas do meu pai começaram a cicatrizar e por baixo nasceu uma nova pele (fina e enrugada, mas sã) e meu pai não precisou amputar suas pernas.
Ele cresceu, tirou carta de motorista e hoje é um motorista habilitado com Carteira Nacional de Habilitação D e já trabalhou com ônibus, caminhões, etc.
Quando eu era ainda muito pequena, meu pai teve apêndice estuporado e teve que ser levado às pressas para o hospital. Quase perdi meu pai, mas ele reagiu.
No ano de 1994, ele começou a perder muito peso. Tinha crises de esquecimento (chegou a estacionar o ônibus com passageiros na frente de casa) e apenas dois anos mais tarde foi possível descobrir o que ele tinha e tratar. Era problema na tireóide (glândula hormonal) e os médicos acharam melhor removê-la. Até hoje ele precisa tomar remédios para regular os hormônios.
Mais tarde, ele tería duas hérnias. Durante a cirurgia, talvez por causa na operação que ele fez no pescoço, não conseguiram entubá-lo, mas já tinham aplicado a anestesia geral.
Os médicos não sabiam se continuavam na tentativa de colocar o tubo de oxigênio ou se o forçavam a acordar. Aplicaram vários medicamentos para tentar tirar o efeito da anestesia e ele ficou de observação.
Felizmente, ele despertou e conseguiram fazer a cirurgia numa outra tentativa.

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