terça-feira, 2 de outubro de 2012

O tempo certo

É interessante como estamos sempre esperando que o melhor nos aconteça a todo momento, como se pudéssemos controlar o nosso futuro. Uma psicóloga disse um dia para minha mãe que, em tudo o que fizermos, temos que trabalhar com duas hipóteses: A vitória e o fracasso.
Não alcançar o objetivo desejado não é o fim do mundo. Pelo contrário, nos faz refletir que nem sempre tudo vai ser como queremos. Podemos até planejar nosso futuro e lutar para isto, mas não temos total controle do que vai acontecer. E são nas situações mais difíceis que mais aprendemos.
No começo de outubro de 2011, comecei os processos para tirar a Carteira Nacional de Habilitação AB.
A princípio tudo parecia fácil demais. Exame médico, um psicotécnico quase impecável (37 acertos entre 40 questões e 99,9% de acertos na "busca às setinhas"). As aulas de C.F.C. passaram rápido e eu tenho quase certeza que gabaritei aquele exame escrito. Tudo muito fácil.
Comecei a fazer as aulas práticas e fui bem (se desconsiderarmos que no início eu pisava no acelerador com gosto e levava uns puxões de orelha). Mas, na última aula diurna, eu bati na balisa. Não sei se foi aí que o problema começou, mas neste dia voltei para o trabalho meio desanimada. Minha instrutora me disse que eu teria as aulas noturnas com outro instrutor e eu também fiquei meio insegura.
Na primeira aula noturna, o instrutor me deu várias dicas e fez várias brincadeiras, me deixando mais à vontade. Ele me perguntou se eu já tinha sentido o carro. Eu não entendi bem e então ele me perguntou se eu já tinha passado da terceira marcha, se eu já tinha andado numa pista. Eu disse que não.
Fomos para o Anel Viário da cidade e cheguei até 70Km/h. Enquanto uma instrutora me fazia frear o outro me mandava andar mais rápido. Estava tudo muito tranquilo até que a aula acabou e ele disse que no dia seguinte seria apenas com balisas.
Fiquei ansiosa e preocupada. No caminho até a Auto Escola, liguei para minha mãe e ela me disse que eu não tinha porque ficar daquele jeito. Tudo daria certo e ela estaria orando por mim.
Tudo deu certo na aula. Fiz uma balisa atrás da outra e não cometi nenhuma falta e isto me deu uma certa segurança.
Tive que esperar duas semanas até a data do meu exame. Fui reprovada bem na balisa. Fiz algumas aulas extras, mas mesmo assim reprovei outras duas vezes na balisa.
Decidi dar um tempo para os exames de carro para me focar na carta de moto. Fiz todas as aulas práticas durante minhas férias de 2012 e passei de primeira no exame. Com a carta de moto garantida no começo de junho de 2012, fui para a Auto Escola para marcar novas aulas de carro e o exame. Me disseram que não tinha como marcar, pois estavam sem examinadores para avaliar os alunos e o sistema estava mudando (estavam abrindo uma sede do Detran na minha cidade, para o meu desespero).
O tempo foi passando e apenas no começo de setembro eu consegui marcar um exame e, como tudo foi muito corrido, me marcaram apenas uma aula exatamente uma hora antes do exame. Eu não me lembrava de mais nada. Estava sem dirigir carro há 3 meses. Deixei o carro morrer diversas vezes e foi isto o que me fez ter minha quarta reprova.
Marquei mais quatro aulas e fui bem em todas elas. Já não deixava o carro ficar morrendo, estava fazendo a balisa perfeitamente, estacionando bem, não tinha erro.
Chegada a hora do exame, eu não consegui tirar o carro do lugar. Sem me lembrar o que eu fiz de errado, deixei o carro morrer duas vezes antes de começar a andar e reprovei alí mesmo.
Eu poderia ter ficado revoltada por ter sido prejudicada estes 3 meses que não estavam acontecendo exames e poderia esperar que eles tivessem contado como uma pausa e assim eu teria mais três meses para tentar. Mas preferi garantir minha carta de moto e deixar a de carro para o próximo ano.
Gostaria muito de estar contando a mesma história com um final diferente. Imagine que legal seria contar a mesma história dizendo que na semana em que venceria o meu processo de um ano, eu conseguiria passar? Mas prefiro admitir que sou humana e que o meu destino não cabe a mim e sim a Deus. Mas será que Deus não gostaria que eu tivesse sucesso em tudo o que eu fizesse? Sim. Mas no tempo certo.

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