segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Meu pequeno Zoo - parte I

Desde pequena, sou muito apegada aos animais. Admiro o fato de poder existir uma troca de carinho entre espécies completamente diferentes.
Quando pequena, eu tinha uma cachorra vira-latas. Não me lembro muito dela, mas me lembro de como a perdi. Pelo que eu entendi, meus pais a encontraram e adotaram e, com o tempo, a suposta antiga dona apareceu na minha casa acusando meus pais de roubo, dizendo que os denunciaria na rádio da cidade.
Eu ficava assustada, não sabia o que era denunciar, mas sabia o que era rádio e não parecia bom mandar meus pais para lá... (eu acho)
Meus pais, sem saber como reagir, devolveram a cachorra para aquela senhora. Cheguei a ter pesadelos com ela. Algumas vezes a cachorra aparecia na frente da minha casa, mas tínhamos medo de dar comida ou levá-la para dentro novamente. E se a tal mulher levasse meus pais pro rádio? O que seria de mim?
Passado um tempo, meu pai conseguiu um outro vira-latas, filho da cachorra de estimação da minha tia. Dele eu tenho mais lembranças. Ele era preto e tinha a barriga e as patas dianteiras brancas. Mas, como na época meu pai não gostava muito de animais e não tínhamos muito conhecimento de como tratar o surgimento exagerado de carrapatos, meu pai o levou para a adoção.
Passado um tempo, meu pai ganhou um filhote de cachorro. Ela ainda era muito nova quando um cachorro de rua entrou e a engravidou. Sem ter juízo nenhum, ela deitava em cima de seus filhotes por ter ciúmes da sua coberta de dormir. Até tentamos salvar alguns, mas não teve jeito.
Um dia ela foi pra rua e sumiu...
Então uma irmã da igreja me deu um outro filhote. Cuidei dele por um bom tempo. Até que ele começou a aprontar com o carro do meu pai. Ele entrava embaixo do carro e destruía os cabos e fios e meu pai começou a ter muito prejuízo. Então a mesma irmã disse que havia uma menina que estava doente porque não tinha um cachorro e me convenceram a doar o meu para ela. Eu fiquei inconformada. A menina tem que ter um cachorro e eu não? E se eu ficar doente? Ela vai me devolver?
Depois que doamos o cachorro, mesmo eu estando contrariada, eu ainda fui visitá-lo umas duas vezes. Morri de raiva daquela família e daquela "menina mentirosa" (que era como eu a chamava) depois que vi que eles tinham outros cachorros e que meu cachorro estava preso na coleira. Como assim? A menina tem um monte de cachorros e fica doente porque quer o meu? Acho que hoje eu a perdoei. Nem sei mais quem ela é. Para quê ficar alimentando isso? Fazem mais de 13 anos. Quem me garante que o meu cachorro ainda esteja vivo?
Passado um tempo, meus vizinhos me ofereceram um cachorro e meus pais acabaram me deixando cuidar dele. Ele era muito desajeitado e não conseguia controlar as próprias orelhas (às vezes olhávamos para ele e as duas orelhas estavam viradas para o centro da cabeça).
Ele era bravo com quem ele não conhecia e ficou bastante grande. Chegou a ser papai dos filhos da cadela da vizinha da frente e foi uma ótima companhia durante o tempo que ficou conosco, até que em uma noite estávamos assistindo televisão e o escutamos latir no portão como ele sempre fazia. Alguns minutos depois, ele estava babando e cambaleando pelo quintal. Não sei se foi envenenado ou se ele desencadeou algum tipo de stress ou problemas mentais. Isto vai ser sempre um mistério.
O levamos várias vezes ao veterinário, mas ele tinha cada vez mais crises de convulsões e começou a se ferir trombando com as paredes e tudo mais. Resolvemos amarrá-lo na coleira em um lugar mais seguro ou ele se mataria de tanto esbarrar nas coisas. Sei que foram várias noites que ficamos sem dormir, porque não conseguíamos ficar sossegados com nosso cachorro tendo tantas crises no quintal. Ele caía e escorregava tanto, que já não conseguia ficar muito tempo em pé e suas patas estavam machucadas.
Meu pai conversou com os veterinários, que disseram que ele não tería cura e acabaria morrendo de tanto se bater e nos aconselharam a mandar sacrificá-lo.
Foi muito triste saber que ele morreria de qualquer jeito, mas era ainda mais doloroso assistir à sua morte gradativa no nosso quintal, como se fosse um tipo de tortura.
Tínhamos vendido nosso carro na época, então meu pai saiu pela manhã, caminhando com o cachorro doente até o Instituto onde ele seria sacrificado. É meio triste de lembrar. Minha irmã ficou dias levando uma foto dele para a escola. O lado bom de tudo isto, é que meu pai acabou pegando um certo carinho por ele, o que mudou a visão que ele tinha a respeito dos animais de estimação e nos motivou a chegar a uma nova etapa, que vou falar na próxima postagem.

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