terça-feira, 13 de novembro de 2012

Viajando para Baurú

Era julho de 1996. Época de férias. Me lembro do dia como se fosse ontem. Logo cedo, meus pais me levaram ao posto de sáude para fazer exame de sangue. Nunca fui de fazer manha, mas ao chegar em casa fiquei deitada no sofá porque me sentia um pouco fraca (pode ser algo relacionado com o fato de que eu nunca fico bem quando vejo sangue e isto foi um ponto decisivo para que eu não cursasse medicina).
Me lembro que a sala estava toda revirada, minha mãe estava fazendo faxina e eu não me lembro bem qual dia da semana era, mas sei que não me lembro do meu pai estar em casa.
 De repente, o telefone toca. Não fui atender. Eu estava morrendo no sofá, sem nenhuma perspectiva de levantar nos próximos meses. Minha mãe atende e começa a falar que eu não estava muito bem. Fiquei curiosa para saber com quem ela estava falando. Ela se virou para mim e disse que minha prima ia viajar para a casa de seus tios em Baurú e perguntou se eu queria ir com ela.
Fui curada instantaneamente e minha mãe me deixou ir. Começamos a correr para arrumar as malas e fui para a casa da minha prima. Ela começou a me falar de muitas coisas legais que nos aguardavam: a tia dela fazia umas comidas japonesas, o tio dela levaria a gente no buteco (que eu não fazia idéia do que era, mas a idéia de visitar o desconhecido já me empolgava).
Fomos viajar. Quando chegamos, nos alojaram em um quarto com uma cama de casal e um colchão ao lado. Minha prima deitou no chão e eu dividi a cama com minha tia.
Mais tarde, o tio da minha prima nos levou a um barzinho do bairro e comprou um monte de doces, balas e chicletes pra gente, demos umas voltas e voltamos. Ao chegarmos, não pude esconder que estava pensando em algo. Minha prima me perguntou qual era o problema e eu disse que achava que íamos para o buteco. Ela riu e disse, nós já fomos. Foi lá que meu tio comprou os doces. Fiquei meio chocada na hora e perguntei: então o buteco é um bar? Me responderam que sim e ficaram curiosos pra saber o que eu pensava que fosse e eu disse que achava que era um barco, tipo uma navegação pirata mesmo.
Ficamos horas e horas brincando com o vizinho dos fundos até que começou a ficar tarde e entramos para tomar banho, comer, assistir TV e dormir. Naquela noite passaria o filme do porquinho Babe, mas como não estava acostumada a dormir tarde, fui deitar na cama na metade do filme. Todos estavam acordados e as luzes estavam acesas.
No meio da noite, acordo assustada. Tudo está tão escuro. Chamo pela minha tia e digo que não consigo enxergar as minhas mãos. Na hora ela entendeu que eu devia ter problemas com o escuro e foi acender a luz do corredor. Foi o suficiente para eu correr até o banheiro, usar e voltar a dormir tranquilamente.
No dia em que iríamos embora, o tio da minha prima deu uma sandália cor-de-rosa pra ela e eu fiz o maior bico (não sei o que me deu. Nunca fui de pedir nada pra ninguém). Todos começaram a rir de mim e me deram uma sandália roxa. Fiquei muito feliz, mas a partir deste dia, fiquei conhecida como "Bicuda" por lá.

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