segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Estudando sem estudar

Creio que entre tantas outras coisas que já publiquei aqui, posso fazer uma confissão: Nunca gostei de estudar. Durante ensino fundamental e médio, devo ter estudado pra apenas 10% das provas que fiz e nem para fazer o vestibular da Unicamp não estudei direito, apenas li um material sobre botânica, outro sobre guerras romanas e gregas e li apenas três dos nove livros da leitura obrigatória, além de folhear o livro de física para relembrar algumas fórmulas, mas tudo isto apenas para a segunda fase do vestibular. Devo ter começado a estudar pra valer depois que entrei para a faculdade. Mesmo assim nunca deixei de tirar boas notas. Posso contar até algumas situações interessantes a respeito.
Na oitava série, minha classe teve uma professora de Matemática que tinha uma metodologia diferente para ensinar. Metodologia que hoje acho que foi importante para que eu fizesse o vestibular com mais tranquilidade. Era mais ou menos assim: Se a aula era sobre cálculo de área, ela dava as fórmulas básicas e depois colocava uma figura disforme na lousa para que calculássemos a área sem pedir sua ajuda. Não tínhamos nenhuma idéia de como funcionavam as Integrais, então nossa saída era juntar várias formas geométricas (ou partes delas) para calcular. Nisto usávamos diversas fórmulas, frações até que chegássemos a um resultado.
Ter uma metodologia tão diferente e que exigisse um certo grau de autonomia para entender a questão e resolver sem nenhum exemplo de como se fazia assustou a classe. Em uma turma de quarenta alunos, nem dez conseguiam resolver os exercícios propostos. Cada exercício resolvido era um ponto positivo que recebiamos em cima da nota final.
No fim do segundo semestre (que antecede as férias de julho) estavam quase todos os alunos contemplados com a recuperação de matemática. Alguns conseguiram se salvar pelas notas de provas e pontos positivos que tinham. Em um dos últimos dias do semestre a professora me disse que não sabia o que fazer com minha nota. Fiquei preocupada, normalmente quando falam coisas semelhantes nunca são boas, pensei que tinha ido mal na prova.
Ela me chamou em sua mesa e me mostrou minha situação. Ela disse que somando meus pontos positivos com a nota da prova, a frequência e a participação e fazendo uma média de tudo eu estava com uma média 14. A situação saiu completamente de seu controle. A culpa não era minha, já que foi ela quem deu mais notas do que poderia administrar.
A partir do semestre seguinte, ela resolveu estabelecer um número máximo de pontos positivos por aluno.
No ano seguinte, a professora de língua portuguesa marcou uma prova sobre o romantismo e, como sempre, eu não estudei. Ao chegar na sala de aula, uma colega de classe me pediu que a explicasse a matéria da prova. Peguei meu caderno e li para ela a parte que eu achava importante. Depois mais dois ou três grupos de alunos me pediram explicação e, na hora da prova, eu já tinha decorado até as datas de cada acontecimento.
No terceiro ano do Ensino Médio, tive uma professora de Matemática que também tinha um jeito particular de avaliar seus alunos, o que era um desastre para a maioria da classe e uma benção para mim. Ela colocava a matéria nova escrita na lousa e passava exercícios antes de explicar, para que interpretássemos o texto que ela passou e resolvêssemos sem a ajuda de ninguém. Quem conseguisse resolver, recebia um ponto positivo. Quando o aluno recebesse uma quantidade pré-estabelecida de pontos positivos no bimestre, ele era dispensado da prova. Ela tinha um ditado: "Se o aluno sabe resolver os exercícios em sala, ele certamente saberá resolvê-los na prova. Se ele me prova todos os dias que está aprendendo a matéria, eu não tenho porque prová-lo novamente". Vantagem para mim, que não fiz prova de matemática no ano de 2006.
Tive uma professora de Educação Física que tinha um método bizarro de avaliação: No futebol e no handebol, os alunos das equipes tiravam nota pela quantidade de gols. Se uma equipe fazia 10 gols (o que era quase impossível) todos daquela equipe fechavam o futebol com 10 de média, da mesma forma que, se sua equipe perdesse de 0, esta seria sua nota na modalidade. No voleibol e no basquete, a pontuação representava uma porcentagem da nota. Eu não era a pior aluna da aula da Educação física, mas estava longe de ser a melhor em tudo.
Na minha turma do segundo ano do Ensino Médio tinha um jogador profissional de basquete. Tinha apenas 16 anos e 1,96 de altura. Eu o ajudava a estudar e garantir boas médias na escola. Como agradecimento, ele me colocava nos times dele nas avaliações de Educação Física. Era uma troca, não uma trapaça.
Fui descobrir o que era estudar a partir do primeiro semestre de faculdade. Parece que, mesmo que você entenda e decore toda a matéria sempre tem algo novo. Confesso que apanhei no começo, pois eu não tinha uma estrutura de estudo quando entrei na faculdade. Fazer as provas da Unicamp sem estudar é cometer suicídio, pois você dificilmente se depara com questões de múltipla escolha. Mas com o tempo fui pegando o jeito e consegui me formar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário