quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Ficando sem aula

A vida estudantil é engraçada. Ficamos todos os anos letivos de nossas vidas esperando por férias, feriados, pontos facultativos, aulas de janela ou qualquer coisa que nos afastasse das aulas e depois que saímos sentimos tanta falta.
Nos meus tempos de escola, a alegria da classe era quando algum professor faltava. Teve uma vez que, ao saber que a professora de matemática tinha faltado, os alunos se abraçaram, cantaram e uns até dançaram.
Haviam outros alunos que não se contentavam com uma aula de janela ou um dia sem aula e resolviam matar aula, passeando pela cidade. Tinham pontos de encontro espalhados pela cidade onde os estudantes que matavam aula se encontravam. Tudo era muito bonito, até que alguns amigos meus passaram na frente da casa de um professor durante o horário de aula e ele os encontrou por lá.
Eu nunca fui de matar aula. Mesmo quando a classe inteira combinava de faltar, lá estava eu. Já cheguei a ter um dia inteiro de aula com apenas 6 alunos na classe. A maior parte dos professores deixou a gente ficar brincando de forca na lousa enquanto eles corrigiam alguma atividade.
Teve um ano que as aulas voltariam numa quarta-feira. Eu disse pra minha mãe que não iria ninguém, mas não convenci. Cheguei cedo na escola, esperei até a hora de abrir o portão e percebi que eu tinha sido a única aluna da escola a voltar das férias. Liguei pra minha mãe e ela falou pra eu voltar pra casa. Entrei no ônibus e, ao me sentar, percebi que tinha uma poça d'água no banco e fiquei com a calça molhada. Quando desci do ônibus já no meu bairro, minha calça ainda não estava completamente seca, passo em frente a um sobrado perto de casa onde a mulher resolveu lavar a sacada e empurrou a água direto para minha cabeça.
No final da sexta série. Eu já tinha fechado todas as matérias, mas disseram que deveriamos ir na primeira segunda-feira de dezembro para conferir a lista de aprovados e reprovados. Cheguei na escola, estava o caos. Alunos jogando jornal no ventilador mesmo com o professor dentro da sala. Perguntei à professora se eu deveria ficar, já que eu sabia que tinha passado em tudo.
Ciente de que vários alunos estavam ali por engano, os inspetores abriram os portões e liberaram todos os alunos que quisessem ir embora. Se fossem alunos da recuperação, era só fazer repetir de ano e pronto.
No final do 1º ano do Ensino Médio houve coisa parecida, mas desta vez as listas de aprovados estavam nas paredes do páteo da escola. Era cinco de dezembro de 2004 e me lembro em detalhes. Chegamos na escola e corremos para o palco, onde colocaram as listas de todas as classes. Quando vi que passei já estava indo embora, minhas amigas começaram a me agradecer por tê-las ajudado a passar. Saindo de lá, fui com uma amiga ao mercado que fica na frente da escola, compramos chocolate e ficamos comendo em uma praça. Começou ficar ainda mais engraçado quando começaram a chegar velhinhas na praça e começaram a ter aulas de ginástica aeróbica.
Na faculdade era diferente. Você tem um mínimo de presença para cumprir em cada disciplina e pode administrar suas faltas e presenças como bem entender. Já deixei de ir a uma aula para fazer algum trabalho de outra matéria mais difícil que aquela, para tentar passar nas duas e posso afirmar que dava certo, pois eu estudava o que tinha perdido em outro dia na minha casa e tirava nota nas duas.
Fiz uma disciplina no Campus de Campinas da Unicamp onde presenciávamos diversos projetos de apoio à comunidades menos favorecidas e às vezes passávamos o dia visitando diversos lugares de Campinas, como Vila São João (para conhecer a composteira comunitária), Sta. Mônica (horta comunitária), entre outros. Com uma semana de antecedência a professora nos perguntava se podíamos passar o dia inteiro fora do campus ou se tínhamos aula e tinha uma coisa que um aluno da turma falava que sempre achei interessante: "Aulas são dispensáveis".
Parei para pensar a respeito e, desde que você se dedique o suficiente para aprender alguma coisa sozinho, aulas são dispensáveis. Perdi algumas aulas de Álgebra Linear na faculdade e, sem saber nada da matéria, assistí a um vídeo no youtube onde um professor do M.I.T. (Massachusetts Institute of Technology) explicou a matéria que eu tinha perdido, desenhando na lousa e em dez minutos eu aprendi o que perdi de algumas horas de aula.

Um comentário:

  1. Vida de estudante universitário é assim mesmo, você tem que se desdobrar para ter tempo para todas as disciplinas, e no final das contas é sempre gratificante terminar um semestre passando em tudo...

    Eu me lembro que no colegial eu era um aluno impecável, tinha poucas faltas... mas como minha mãe sempre diz, quanto mais nós crescemos mais bobos ficamos, justamente por que no ensino médio eu deixei de ser um excelente aluno (aquele com presença e nota) e passei a ser um bom aluno (aquele com nota).

    Sei lá, o tempo passa e começamos a perceber que ele passa muito rápido, e isso é o que nos impede de agir como crianças, por que temos plena noção do tempo (crianças não tem essa noção), e por isso a escola fica cada vez mais chata e tediosa no passar dos anos...

    Mas uma coisa eu digo, acho que nunca vou parar de estudar... logo que terminar a faculdade pretendo fazer uma pós, e depois da pós uma pós-pós, e por ai vai...

    Aprender... Aprender...

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