sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Relatos verídicos de uma ex-viajante de ônibus

Estava eu aqui, pensando na vida e percebi que faz muito tempo que não ando de ônibus. Hoje, quando não estou de carona com alguém, estou andando de moto e isto tem facilitado muito.
Quando eu dependia do ônibus circular da cidade tive várias frustrações, como esperar mais de meia hora no ponto de ônibus e, quando o ônibus chegou, ele já estava lotado... (isto era terrível)
Mas existem situações que eu presenciei que foram únicas e inesquecíveis e vou comentar algumas delas neste post, além das situações que eu já citei em outros posts, como Sociedade Invisível e Amizades de ônibus.
Certa vez, eu estava sentada no ônibus e um senhor de idade resolveu se sentar ao meu lado. Não tenho nada contra. O engraçado é que ele ficava tentando ler as mensagens que eu estava mandando no celular e os Tweets que eu estava escrevendo... Isto me deixou um pouco desconfortável, porque tira a privacidade, mas o mais engraçado ainda estava por vir. Este senhor tirou do bolso da camisa uma espécie de trouxa que ele fez com um lenço de pano, abriu a trouxa em seu colo e começou a comer os pedaços de pão e bolacha que estavam dentro do lenço. Isto sem dúvida foi algo inédito que eu presenciei...
É super normal, por exemplo, você estar dentro de um ônibus e uma cigana adulta resolve passar pode debaixo da roleta para não pagar a passagem, né? Eu pude presenciar esta cena. Quando a cobradora de ônibus percebeu a façanha, começou a explicar pra ela que ela teria que pagar a passagem. Elas ficaram naquele bate-boca até uma mulher se oferecer para pagar a passagem da cigana.
Bate-boca não é muita novidade para quem andava de ônibus na mesma época que eu. Já presenciei passageiros caçando confusão com o motorista, com cobradores, já vi um cobradora gritando com um menino que entrou pela porta dos fundos sem pagar e sem que tivesse algum benefício que o permitisse fazê-lo, entre outras histórias cabulosas...
Uma vez eu estava indo com minha irmã para o centro da cidade em um sábado de manhã. Quando estávamos nos aproximando do ponto em que desceríamos, o ônibus fez uma curva e o banco onde estávamos sentadas se soltou. Eu rapidamente me segurei em um ferro que estava ao lado, mas minha irmã estava dormindo e só acordou quando caiu no meio do corredor do ônibus com as pernas para cima. Acabamos virando o assunto do ônibus naquele momento...
Uma coisa curiosa que eu já presenciei em um ônibus circular de Campinas foi um homem tocando violão no banco do fundo. Da hora em que entrou até a hora em que saiu, ele ficou tocando uma música atrás da outra, sem a intenção de fazer um show para as outras pessoas, mas só pra se divertir.
Mas, se tem uma coisa que acaba com nossa viagem de ônibus é quando alguém passa mal no mesmo ônibus que você. Já aconteceu de uma criança passar mal no ônibus que eu estava, enquanto estávamos viajando de uma cidade para outra, ou seja, demorou pra passar aquela situação e os momentos de tensão...
Falando de tensão, é mil vezes pior a sensação de passar mal, quando quem passa mal somos nós.
Uma vez, eu estava indo para a Unicamp em Campinas em um ônibus de viagem. O trajeto que ele costumava fazer demorava pelo menos uma hora. Normalmente, eu encostava minha cabeça no banco e dormia até que o ônibus fizesse a primeira parada, mas neste dia foi impossível. Com apenas 10 minutos de viagem, meu intestino começou a ter um piripaque, o ônibus não tinha banheiro e eu fui até Campinas passando mal até que ele parou num primeiro ponto, onde eu desci correndo. Quem nunca?
Esta não foi as únicas vezes que algo estranho aconteceu em um ônibus de viagem. Houve um dia em que eu comprei uma passagem de Campinas para Limeira e, quando eu já estava dentro do ônibus, vi o motorista ligando para a empresa onde ele trabalhava (disfarçadamente, mas eu ouvi) e começou a falar que o ônibus não poderia seguir viagem nas condições em que ele se encontrava, mas mesmo assim a empresa falou que ele continuasse. Eu fiquei pálida na hora. Se eu gritasse, eu iria alarmar várias outras pessoas que estavam no mesmo ônibus. Então eu tomei uma atitude extremamente adulta e sensata: preenchi o formulário do seguro de vida do passageiro, pois se acontecesse algo comigo, eu ou minha família receberíamos pelo menos uma indenização. Esta sem dúvida foi uma viagem em que eu não consegui dormir, fiquei prestando atenção em tudo. De repente eu percebo que o motorista mudou a rota que aquele ônibus sempre fazia e isto me gelou por dentro. Ele continuou até parar em uma borracharia onde ficamos vários minutos até que pudessem resolver o problema e depois, finalmente seguimos o restante da viagem sãos e salvos.

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