quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Eleições

Quando somos crianças,a política parece uma coisa divertida, fora do comum, que acontece com menos frequência que o Natal e faz pessoas que não se vêem há muito tempo se encontrarem em filas quilométricas formadas em corredores de escolas no dia da eleição. Para os adultos, esta obrigação não é tão emocionante assim. Tudo que vira obrigatório gera um certo desconforto.
Eu amava assistir comícios. Era como se eu fosse assistir a um show das pessoas que eu via na televisão (nas propagandas do horário eleitoral gratuito) e eu conhecia todas as músicas de todos os partidos.
Parecia divertido se envolver com a política. Quando fui para a 5ª série, em 2010, inventaram aquela história de que a turma deveria ter um representante de classe e o que não faltaram foram candidatos. Eu também me candidatei. Não tinha idéia do que um representante de classe fazia, mas parecia uma coisa tão importante. Não ganhei a eleição e a menina que ganhou desistiu do cargo em pouco tempo. A partir dos outros anos os professores tinham que implorar por uma alma candidata ao cargo. Por sorte, sempre tinha um que queria fazer bonito para o professor, que assumia o cargo sem nem precisar de votos.
Depois dos dez anos de idade, perdi qualquer interesse pela política, o que muitos enxergam como um crime: "É por pessoas como você que o Brasil nao vai pra frente! Você deveria se interessar pela visão dos partidos e blá, blá, blá". O fato de não gostar de política não me leva a votar às cegas, sem me preocupar com minha cidade, estado ou país. Adianta um candidato entrar num partido influente, fazer um bom discurso e ser bom de marketing, se toda esta pose não tiver nenhum valor quando ele for eleito?
Me lembro que uma vez, quando eu era criança, eu queria um brinquedo de piratas que eu tinha visto no shopping da cidade (gosto meio exótico por eu ser uma menina, mas eu nunca gostei de brinquedos simples demais). Como eu nunca fui de pedir nada aos meus pais, eles acharam que seria uma boa idéia me dar o presente, mas era um brinquedo caro. Eles resolveram trabalhar na campanha politica de uma candidata a vereadora muito popular na cidade e, com o dinheiro que ganharam, me deram o sonhado brinquedo.
No ano da última eleição para presidente do Brasil, tive a oportunidade de conhecer uma garota mexicana, que estava fazendo intercâmbio na Universidade onde eu estudava. Acompanhando toda aquela campanha política, ela me disse duas coisas que a deixaram pasma. O fato do nosso ex-presidente apoiar uma candidata a presidente (coisa que, segundo ela, é proibido no México) e o fato do voto ser obrigatório (o que faz os eleitores ficarem desanimados com a sensação de "ter que votar" e não o sentimento de "é hoje que vou fazer valer a minha opção de votar e garantir a vitória do meu candidato"). Será que só a gente anda na contramão? Ela ficou assustada quando eu disse que nossos comprovantes de votação eram importantes, ao ponto de serem exigidos como documentação obrigatória para assumir alguns cargos públicos e privados. Ela disse que, quando eles votam, apenas recebem uma marquinha a mais em seu cartão. Por que será que no Brasil tudo parece ser mais complicado? Temos leis que nos obrigam a votar, para depois recebermos pelo menos 30% de votos brancos e nulos... 

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