terça-feira, 28 de agosto de 2012

Perdida no shopping


Até os doze anos de idade, era difícil meus pais me deixarem ir para lugares sem a companhia de outros adultos, principalmente deles. Um pouco era pelo cuidado que os pais já têm por natureza e pelo que aconteceu no ano de 1995.
Eu tinha 5 anos de idade e era época de festas, quando o comércio investe pesado nas vendas e quando você tem uma noção ainda maior de quantas pessoas dividem a mesma cidade que você e você nunca tinha visto antes.
Fomos com toda a família para o shopping da cidade, que visitávamos sempre, para comprar presentes e aproveitar as promoções.
Entramos em uma loja muito conhecida (mas que não está me patrocinando) e eu perguntei para os meus pais se eu podia ficar na área dos brinquedos, para ver o que estava à venda e porque, na minha idade, era o lugar mais legal da loja. Enquanto isso, eles e meus tios faziam as compras.
Vários minutos depois, eu já tinha visto todos os brinquedos e não tinha mais graça ficar por lá. Saí pela loja procurando meus pais, mais era muito grande e eles já não estavam onde eu os tinha deixado.
Comecei a chorar desesperadamente, até que me dirigi a uma moça daquelas que ajudam no caixa e perguntei se ela sabia onde minha mãe estava. Ela disse que não sabia quem era minha mãe, mas que me levaria até a gerência. Fiquei mais tranquila, a gerência deveria saber quem era minha mãe.
A moça me levou até o gerente, que me fez entrar numa sala e subir algumas escadas. Pensei: "O que minha mãe estaria fazendo tão longe?"
Cheguei a uma sala onde tinha uma mulher que mais parecia uma operadora de Telemarketing e dava pra ver boa parte da loja de lá. Ela me perguntou o nome dos meus pais e eu disse que eram Pedro e Marialva.
Ela mexeu em uns equipamentos e disse: "Senhor Pedro e senhora Marialva, favor comparecer à gerência. A filha de vocês se perdeu e está aqui conosco!"
Rapidamente foi possível ver meus pais se movendo pela loja a caminho da gerência. Eu não sabia se sorria ou se eu chorava mais de tão emocionada que eu estava.
No mesmo ano, creio que não foi no mesmo dia, mas na mesma loja estava tendo uma grande liquidação onde para cada compra de valor X, você ganhava um cupom valendo um forno de microondas.
Meu pai preencheu e, como não tínhamos telefone na época, ele passou o telefone dos meus tios, que moravam do lado da nossa casa.
Fomos embora e, ao chegar em casa, meus tios nos avisaram que o forno de microondas era nosso. Meu pai foi ao shopping na mesma hora para pegar o prêmio. Até queriam que ele esperasse até o dia seguinte para poder tirar fotos e aparecer na televisão, mas a emoção de ter ganho alguma coisa era maior. Hoje, quase 17 anos depois, ele ainda funciona razoavelmente bem.

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