quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Limites da obediência

O que fazer quando a obediência ultrapassa os limites do bom senso? Até que ponto uma criança consegue ser obediente, sabendo que aquilo pode te prejudicar? Será que o bom senso que achamos ser um bom senso não é apenas uma desconfiança ou um sistema de auto defesa?
Pois bem, eu sempre fui uma criança obediente. Tive sim alguns momentos de rebeldia e teimosia, mas nada que pudesse me dar o título de desobediente.
Um dia, por exemplo, estava dando algumas voltas pelo bairro com meu pai e ele precisou entrar em um pequeno estabelecimento onde consertavam eletrodomésticos para fazer um pequeno orçamento. Vendo que o local era apertado e que havia sombra na calçada, meu pai pediu que eu me sentasse no chão e que só levantasse quando ele voltasse. Eu, como uma filha extremamente obediente, me sentei no chão.
Passado alguns minutos, comecei a sentir um incômodo muito grande e pensei em me levantar ou mudar um pouco de lugar, mas eu não queria desobedecer as ordens do meu pai e fiquei firme e forte.
Quando ele saiu, me viu coçando o traseiro e perguntou se estava tudo bem. Quando ele olhou para o chão onde eu estava sentada, viu um formigueiro e as formigas todas agitadas.
Até hoje minha mãe comenta como eu fui boba neste episódio e eu também fico inconformada com minha falta de atitude. O bom é que aprendi a nunca mais me sentar em algum lugar sem analisar bem antes.
Falando em crianças ingênuas, minha irmã sempre acreditava em tudo o que eu falava. Eu sou quase quatro anos mais velha que ela e ajudava a cuidar dela.
Eu contava histórias e inventava lendas (algumas ela descobriu que era mentira recentemente), mostrava coisas imbecís que eu era capaz de fazer e ela tentava me imitar. Uma vez, por exemplo, eu disse que conseguia tomar uma garrafa de 250ml de água sem respirar. Fiz minha demonstração e ela tentou fazer. Como ela respirava, a prova não valia e ela tinha que começar novamente. Quando ela finalmente consegiu, ela passou mal na hora. Eu prometo que não fazia por maldade.
O tempo foi passando e ela começou a desconfiar de tudo o que eu falava. Tanto que, um dia eu tinha esquentado o leite no fogão e disse a ela para não tocar nele, pois estava quente. Apenas dei as costas e ouvi um grito. Minha irmã tinha relado onde eu falei para não relar e queimou dois dedos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário