terça-feira, 17 de julho de 2012

Estamos ricos!

Quando eu era pequena, com mais ou menos quatro ou cinco anos de idade, meu pai ficou muito doente e perdeu o emprego. Minha mãe também não trabalhava na época, porque tinha que cuidar da minha irmã que ainda era um bebê.
Independente da situação que estávamos passando as contas continuavam chegando e chegando e tínhamos que nos "apertar" para conseguirmos viver com dignidade. A família ajudava com roupas e comida, o que já era uma preocupação a menos. Nossas compras eram apenas de leite para as crianças, arroz e o básico.
Minha mãe nunca me escondeu que não podíamos comprar qualquer coisa e ainda era criticada pelas pessoas, que diziam que nós cresceríamos traumatizadas por saber que a vida não era fácil e descobrir a realidade que vivíamos tão cedo.
Descoberta a doença do meu pai, ele passou por uma cirurgia e foi se recuperando aos poucos. Encontrou um emprego, não tão bom quanto o que tinha mas com o suficiente para nos reerguermos.
Nossa primeira compra após a recuperação do meu pai nos marca até hoje. Me lembro de estar com eles neste dia, ainda pequena. Comecei a ficar assustada com a quantidade de produtos que meus pais colocavam no carrinho de compras e perguntava a cada corredor: "Mãe, nós vamos conseguir pagar isto tudo?" - e ela me respondia com segurança: "Claro que sim. Fique tranquila!"
A compra aumentava e eu, ainda assustada, repetia a mesma pergunta várias e várias vezes e ouvia as respostas positivas da minha mãe.
No final de tudo, minha mãe me disse que eu e minha irmã podíamos pegar um daqueles suquinhos que ficavam em embalagens de bichinhos, deviam custar uns cinquenta centavos na época, mas foi o suficiente para que eu ficasse completamente realizada, saltitando pelo supermercado e gritando várias vezes: "Estamos ricos! Estamos ricos!"
E de fato estávamos. Não ricos financeiramente, mas ricos em amor, união e cuidado de Deus.

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