quarta-feira, 18 de julho de 2012

Quem conta um conto...

Era uma sexta-feira de setembro, fazia mais ou menos um mês e meio que minha avó havia falecido e minha mãe estava mal de saúde com algumas crises nervosas e problema de pressão alta.
Eu voltei do meu trabalho de ônibus e, ao atravessar a primeira rua, fui surpreendida por um motoqueiro, que me acertou com a moto. Por Deus ele freiou um pouco e não me acertou em cheio. Caí na hora e minha visão escureceu. Segundos depois comecei a voltar a enxergar, meio embaçado e vi o motoqueiro ainda em cima da moto, gritando pra mim que eu estava errada e que ele não poderia ficar. Ele saiu e me deixou ali, completamente impotente.
Comecei a gritar que não sentia minhas pernas e braços e algumas pessoas se aproximaram de mim e me perguntaram onde eu morava e se eu havia me machucado.
Sem hesitar, disse o meu endereço e algumas pessoas em um carro foram na minha casa avisar minha família. Outras pessoas foram até o posto da guarda municipal mais próximo e chamaram ajuda.
Os guardas chamaram o resgate, enquanto controlavam o trânsito na rua onde eu estava. Pouco a pouco voltei a sentir minhas pernas e braços, mas minha cabeça ainda ardia muito. A multidão a minha volta aumentava e o tempo passava.
Ao chegarem na minha casa, minha irmã atendeu o portão. Perguntaram pra ela: "é sua irmã que deveria estar chegando a estas horas?" - ela respondeu que sim e disseram que eu havia sido atropelada e que estava deitada no asfalto, esperando por socorro. Minha irmã não sabia como poderia avisar minha mãe de uma forma que ela não tivesse nenhuma reação ruim. Ela falou: "Mãe, não é nada grave, mas a Jéssica foi atropelada. Ela está consciente, mas ainda está esperando socorro."
Minha mãe ficou muito desesperada e minha irmã falou que ia ver como eu estava. Ela saiu de casa e foi falar comigo. Minha mãe ligou pra minha tia e disse que eu tinha sido atropelada na rotatória quando desci do ônibus.  Minha tia, por sua vez, ligou pra outra tia que ligou pra outra tia...
Falei com minha irmã e ela ligou pra minha mãe pra que eu falasse com ela no celular.
Mais calma por ter falado comigo, minha mãe tomou coragem pra ir me ver na rua. Amigos e conhecidos também se aproximaram do local. Enfim o resgate apareceu.
Enquanto estavam me imobilizando para colocar no resgate, meu pai chegava do serviço e via aquela movimentação. De repente ele vê minha mãe e minha tia no meio da multidão e estranha porque nossa família nunca foi de ficar vendo acidentes.
Fui levada ao hospital e fizeram todos os exames necessários. A médica disse que eu tinha apenas cortes pequenos pela cabeça e que minha coluna cervical era uma das mais perfeitas que ela já tinha visto.
O enfermeiro disse que teria que raspar parte do meu cabelo se eu quisesse um curativo e eu preferi ficar com o cabelo. Ao sair, encontrei minha família e alguns tios e tias. Todo mundo ficou aliviado em me ver viva, saindo do hospital, andando com minhas próprias pernas... É que entre uma ligação em outra, eu já tinha sido atropelada por um ônibus na rotatória mais movimentada da cidade e meu estado era grave.
Fui até a farmácia e comprei um remédio cicatrizante e fui para casa tomar um banho. Meus pais ficaram no hospital, porque depois do susto minha mãe teve que ser medicada.
Alguns dias depois, andando pelas ruas do bairro com a minha irmã, meu vizinho começa a andar com a moto na nossa direção e a gente sobe correndo na calçada. Ele para a moto, abre o capacete e diz: "Tá espertinha agora, hein!"

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