quarta-feira, 18 de julho de 2012

Meio paralisada

Depois que crescemos, com a correria do dia-a-dia, deixamos de observar como o nosso corpo é bem estruturado e capaz de fazer tudo o que precisamos de uma forma tão simples e fácil. Até esquecemos como foi quando começamos a aprender a falar, a ler, a andar, a nos relacionar com outros seres humanos.
Tive a oportunidade de pensar no assunto em janeiro de 2010 quando tive uma surpresa pela manhã. Acordei cedo como de costume, mas ao escovar os dentes não conseguia reter a água dentro da boca. Isso mesmo! Algo que eu fazia todo santo dia e era tão comum não era possível pra mim.
Não conseguia piscar o meu olho direito, apenas com muita dificuldade, mesmo piscando o esquerdo normalmente. Não conseguia assobiar e nem sorrir, pois não tinha controle sobre metade da minha face.
Procurei um médico neurologista que disse que o que eu tinha era uma Paralisia Facial, que significa que, por um motivo que eles mesmo desconhecem, meu nervo facial direito parou de exercer suas atividades e teria que receber estímulos para voltar à ativa. O doutor disse que no meu caso não era tão forte e então ele não recomendaria estímulos elétricos. Ele me receitou algumas medicações fortes e rigorosamente controladas (além de caras) que eu deveria tomar e diminuir as doses de forma controlada até que não precisasse mais tomar ou que tivesse piorado. Ele me passou também algumas técnicas de fisioteriapia caseira que eu poderia fazer. Pressionar a sombrancelha pra baixo e a bochecha pra cima além de assoprar dois canudos em uma garrafa d'água para fazer bolinhas na água (estranho, mas eu realmente não era capaz de fazer isto).
Enquanto isso pouquíssimas pessoas da minha família e alguns amigos sabiam o que eu tinha. Se não ficassem muito tempo olhando pra minha cara não notariam.
O tempo foi passando e a medicação forte me enchia de espinha gigantes e eu tinha duas ou três vezes mais apetite que o meu pai ou qualquer adolescente em fase de crescimento.
Compus uma música durante esta fase, mas não posso postar a letra aqui porque ainda não está registrada, mas fala das minhas dificuldades e da minha disposição a seguir adiante contanto que Deus estivesse lutando por mim e me ajudando a sair desta.
Em fevereiro fomos ao acampamento de jovens. Eu e minha irmã como acampantes e meus pais cuidando de todos. Em uma das noites de oração pedi que o Senhor tivesse misericórdia de mim. Naquela manhã eu acordei assobiando e comentei com minha mãe que já podia assobiar. As meninas do meu quarto não entendiam porque eu estava tão contente com isso, mas eu, minha mãe, minha irmã, minha amiga e minha prima sabíamos que algo estava acontecendo. Chegando em casa eu já era capaz de assoprar os canudos na água e já piscava um pouco mais rápido.
Pouco tempo depois voltei ao médico que disse que eu já estava completamente recuperada.

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